quarta-feira, 28 de abril de 2010

Duá...



A vida foi boa por um bom número de anos...
Infância sem preocupações, refugiado nos braços de dona Elza estava "salvo" de qualquer perigo, qualquer ameaça.
Na adolescência a vida começou a ficar maravilhosamente divertida. A saída com amigos (entre eles minha filha Viviane) era sempre uma festa. Minha casa era um dos pontos de encontro da turma. Duá sempre divertido e divertindo os outros. Nessa época corria menos para os braços de dona Elza, mas sabia que podia contar com os cuidados da mãe quando precisasse...e assim seguia a vida tranquilamente..."Virou" homem..."virou" pai...lutava como todos nós para que a vida fosse sempre uma festa.
Dia desses passou por aqui, parou na porta, conversou bastante...disse que voltaria com mais tempo, queria conhecer o filhinho da Vivi...
Numa sexta-feira, dia 09 de abril de 2010, o sonho acabou, a visita não aconteceu...não conhecerá o Felipinho.
A polícia matou o Duá...ele gritou pela mãe, para que ela o ajudasse... mas dessa vez não deu...
dona Elza não pôde ouví-lo...Adeus Duá...esteja bem...vá alegrar outros corações...
De tudo o que se fizer, nada o colocará de volta nos braços de dona Elza... nada poderá trazer a alegria que contagiava...sómente as lembranças...


Para EDUARDO LUIS PINHEIRO DOS SANTOS...o nosso querido DUÁ...e para todos que tiveram o prazer de receber seu sorriso.

Notícia veiculada na rede Globo:
http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2010/04/corregedoria-deve-decidir-destino-de-pms-presos-ainda-nesta-sexta.html

domingo, 18 de abril de 2010

Para o Binho, Heliolinha e Vilo, meus irmãos.


A saudade que insiste em apertar meu coração é de nós mesmos...
crianças, num imenso quintal de terra vermelha a brincar, livres de preocupações ordinárias, extraordinárias e canalhas que emporcalham o pensamento. Para vocês tres, meu desejo de estarmos os quatro sempre juntos ...eternamente.

Ausência
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Carlos Drummond de Andrade